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Cadê as mulheres no Choro?

Atualizado: 29 de mar.

Em 2017, nas reuniões de produção do “Brasil Toca Choro” que reuniu cerca de 130 músicos em seus 13 programas, a então coordenadora da TVCultura, Marisa Guimarães, diversas vezes perguntava: “Mas não tem nenhuma mulher tocando nesse programa?” E, por conta de seu questionamento, foram chamadas 10 cantoras* e 16 instrumentistas** (4 percussões/pandeiro, 4 pianos, 3 clarinetes, 2 flautas, 1 sax, 1 violino, 1 cavaquinho) nem 20% dos artistas, o que é ínfimo e claramente não corresponde com a quantidade de mulheres que se forma em conservatórios, faculdades ou que se dedica à um instrumento sem ter tido acesso à qualquer instituição.

Há uma espécie de fisiologismo masculino ou melhor o famoso “é tudo brother” no meio dos músicos, que coíbe que as mulheres estejam presentes lado a lado em grupos, as raras exceções normalmente são cantoras ou instrumentistas que denunciam o seu esforço mastodôntico para serem incluídas e respeitadas enquanto iguais. O motivo sempre assegurado é a qualidade das instrumentistas, o que me parece um preconceito, já que não é baseado em fatos reais. O perverso da falta de inclusão é que o músico se desenvolve justamente nessas trocas e não dar espaço às mulheres instrumentistas é também colaborar para que estas não se desenvolvam. A música é uma arte baseada na relação sonora, tanto entre as notas musicais e seus intervalos, as progressões harmônicas e é óbvio, tanto entre às pessoas que estão tocando, quanto às que estão ouvindo.


É um círculo vicioso e sistêmico: quando não há instrumentistas mulheres no palco, não há identificação das estudantes de música para ocupar esse espaço.

Além das mulheres terem sua “qualidade musical” questionada, muitas vezes se alega o desconhecimento de uma musicista de determinado instrumento. “não conheço nenhuma clarinetista”, “não conheço nenhuma trombonista”, “não conheço